domingo, 19 de dezembro de 2010

EXTRA! EXTRA! EXTRA!

Edição Extraordinária:

Belém. Sucursal: A comunidade internacional não fala de outra coisa! Chefes de Estado do mundo todo se preparam para o que acabou de acontecer. Diplomatas do globo estão em polvorosa!

À meia-noite do dia 24, foi avistada, no céu da cidade judaica de Belém, em Israel, uma intensa bola de luz, que fazia uma trajetória descendente, em direção àquele lugar.

Cientistas do mundo todo estão prontos para desvendar o estranho fenômeno. Há quem pense tratar-se de mais uma manobra terrorista, para que se desviem as atenções de todos com um míssil ou qualquer outro tipo de artefato bélico.

Entretanto, fontes seguras afirmam tratar-se, não de mais uma arma de guerra ou mesmo de um objeto voador não identificado, como também foi especulado, mas sim de uma estrela. Uma linda estrela de paz...

Esta estrela, segundo astrônomos do mundo todo, é um fenômeno raro: aparece nos céus do mundo todo, sempre à meia-noite de vinte e quatro de dezembro, riscando o firmamento com sua luz extremamente intensa.

Além disso, segundo as mesmas autoridades, ela sempre cai no mesmo lugar. Isto porque traz uma mensagem: nasceu o menino!

E assim, há mais de 2000 anos, a mesma estrela singra os céus, avisando a todos da chegada deste menino, tão pequeno, tão frágil, ão pobrezinho, mas tão rico no amor a todo aqueles que Ele considera seus filhos.

Infelizmente, poucos de nós entendemos e, até mesmo, observamos o cair deste astro de luz. Aliás, quiçá atentamos para o nascimento desta criança, que se dá, para nós, todos os anos, como o maior presente que poderíamos receber em nossas vidas.

Hoje, mais uma vez, o menino nasceu; e, nascerá, cada ano, trazendo consigo a sua mensagem de amor, de paz e de fraternidade. É uma mensagem muito simples, aliás. E, de fato, não é preciso ser um cientista ou um grande líder para escutá-la. Pois ela não está nas teorias, nos livros ou na melhor retórica; mas sim, dentro do coração de cada um de nós.

Ouçamo-la, portanto. Porque, mergulhados no caos do quotidiano, na cada vez mais acirrada ganância dum mundo que se orienta, dia-a-dia, para a guerra e para a destruição, fechamos nossos olhos para não vermos o cair da estrela e nossos corações, para não recebermos este menino.

Esse menino que se chama JESUS CRISTO.

É o que desejamos a todos, nesta data plena de magia: fiquem com o Cristo de cada ano, o Cristo de sempre, pois só Ele é capaz de manter a chama deste espírito que nos imbui e que deve perdurar, cada ano, o ano todo! Não somos irmãos apenas no dia do natal; somos irmãos todos os dias, enquanto renascermos com Jesus.

Esta é a mensagem do menino...

(Escrita, originalmente, no ano de 2002, aos 24 anos, e até então inédita.)

São esses os meus votos para todos os amigos, leitores e seguidores deste blog! Muito obrigado pelos comentários, pelo carinho e principalmente pela atenção que todos dispensaram aos meus singelos escritos. Espero, neste ano próximo vindouro, continuar contribuindo, quinzenalmente, com minhas linhas, mas, principalmente, espero poder contar com enriquecedora leitura de todos. Boas Festas! 

Gostaria, também, de fazer um agradecimento pessoal ao jovem (e talentosíssimo) poeta baiano Yon (http://yon-sopalavras.blogspot.com/) que presenteou o blog deste escritor com um selo de qualidade literária, o qual peço licença para reproduzir abaixo. Este autor sente-se envaidecido com a homenagem, ainda que creia não merecer tanto, e promete continuar militando nas trincheiras da literatura, a fim de honrar este maravilhoso presente antecipado de Natal. Muito obrigado!

  

Anaximandro Amorim,
Escritor e membro da Academia Espírito-Santense de Letras,
Cadeira 40

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

O MEU ÚLTIMO VEXAME

Nunca gostei de circos. Acho que é trauma. Lembro-me que, da última vez em que fui, lá pelos idos de 1982 ou 1983, um leão, passeando pelo picadeiro, levantou a perna e fez xixi em cima de um senhor e de seu netinho, respingando na minha mãe e em mim. Aquilo pode ser considerado como uma espécie de batismo – ou advertência, para jamais pôr os pés em um lugar desses de novo. Desde então, comecei a detestar palhaços, exceção feita para o Bozo, talvez porque ele ficasse do lado de lá da tela da televisão e eu no lado de cá; também comecei a desenvolver um quadro muito parecido com mágicos, com ressalvas ao Mister M. Adorava vê-lo contar o segredo dos mágicos. Era minha vingança pessoal contra todos eles!

Infelizmente, o mundo dá muitas voltas e, se um dia eu consegui escapar do leão, outro dia, certamente, não conseguiria fugir do mágico. E esse dia foi há algumas semanas. Foi no meu trabalho, na abertura de uma premiação. Um mágico embusteiro escolheu algumas pessoas para auxiliá-lo e, obviamente, eu fui um dos “agraciados”. Ainda cheguei a comentar com uma colega de trabalho que eu seria a próxima “vítima” do prestidigitador. Dito e feito! Ainda tentei virar a cabeça, abaixar os olhos, mas ele foi se chegando mais perto, cada vez mais perto, muito mais perto... até parar do meu lado! “Você, gostei de você”. Como poderia correr dali? Sei lá, mas acho que tenho um alvo pintado na testa... Em suma: mais um vexame para minha (extensa) coleção...

Aquela “eterna experiência” de alguns “minutos” serviu para me ensinar duas coisas: a primeira é que qualquer um pode ficar tímido. É incrível a timidez... ela é como um juiz (muito) rigoroso que prolata uma pesada sentença, pesada demais para ser cumprida. Digo isso porque eu me considero uma pessoa muito extrovertida, mas, na hora, confesso, me deu um “branco” como se diz por aí. A sensação é horrível: o tempo não passa, você não sabe onde pôr as mãos, não sabe para quem olhar, não sabe o que fazer, não sabe de nada! O mágico, para piorar a situação, resolveu fazer um “improviso” com “cartas de baralho”. É óbvio que eu sei a diferença entre um dois de paus ou um ás de copas, mas quem disse que eu consegui distinguir uma coisa da outra na hora?

A segunda coisa que eu aprendi foi a sensação do vexame. Na verdade, foi um reaprendizado, pois, quem nunca passou por uma situação vexatória na vida? É como uma comichão que vai tomando conta do corpo inteiro, de uma hora para a outra. Você vai se sentindo quente e, ao mesmo tempo, o corpo vai endurecendo. A única coisa que você quer é que uma cratera bem grande se abra na sua frente e que você caia na China ou qualquer lugar que o valha. Como já disse, o tempo não passa, definitivamente, comprovando a teoria de Einstein, e as mãos tremem desesperadamente... você sente vontade de correr, mas as pernas não obedecem. E quando a coisa toda acaba, dá vontade de se desmaterializar do local e ficar fora um mês, até que todo mundo se esqueça do acontecido. Fazia tempo que não me sentia assim...

Creio que ele fez a mágica errada. Ao invés de cartas, ele poderia ter feito com que eu desaparecesse do palco. Seria mais apropriado. Em saber que tudo isso começou com um xixi de leão, lá nos anos 1980... enfim, sou da mesma opinião do pai de uma colega de trabalho, que diz que a gente vai nesse tipo de lugar para rir, e não para “ser rido”. E eu o fui do diretor presidente ao contínuo... Não preciso nem dizer o que meus colegas de trabalho fizeram depois... em todo caso, se você, que está lendo essa crônica, for palhaço, mágico ou domador de leão, como dizem meus alunos, nada pessoal mas faça-me um favor: vê se “me erra” da próxima, tá bom? Pelo amor de Deus!



Anaximandro Amorim,
Escritor e membro da Academia Espírito-Santense de Letras,
Cadeira 40.