segunda-feira, 6 de setembro de 2010

A HISTÓRIA DE UM SOBREVIVENTE

O texto abaixo é o prólogo do meu novo livro, intitulado "A História de um Sobrevivente". O Prefácio é do delegado Fabiano Contarato, ex-titular da Delegacia de Delitos de Trânsito, no Estado do Espírito Santo. A obra estará a venda a partir do dia 18 de setembro na livraria Logus da Praia do Suá, Vitória/ES.


PRÓLOGO

É muito engraçada essa vida, não é? Digo isso porque jamais nos preocupamos com as vicissitudes até quando elas nos aparecem. Em geral, pensamos que o que há de ruim acontece com os outros, mas nunca conosco. Lemos os noticiários, vemos as tragédias cotidianas mas pensamos ser imunes a todas elas. Até que a vida vem e prega uma peça em cada um de nós. Pelo menos, foi isso o que aconteceu comigo...

Tudo aconteceu antes do meu aniversário de 31 anos, no segundo semestre do ano de 2009. Não fazia tanto tempo, havia conquistado minha independência financeira; fazia Mestrado, dava aulas e estava realizado tanto profissionalmente quanto pessoalmente; tinha sido aprovado em concursos públicos; com tanta coisa boa me acontecendo, o que de ruim poderia suceder?

A minha sorte mudou radicalmente no dia 7 de setembro de 2009. Jamais esquecerei desse dia. Era feriado cívico nacional, que seria emendado com o dia seguinte, dedicado à cidade de Vitória; teríamos, assim, dois dias de descanso, que eu, como bom capixaba, curtiria na praia, fazendo a minha corrida usual. Estava feliz com os feriados e tinha planos de descansar em casa e fazer algumas atividades físicas. Nunca gostei de ficar parado!

Ainda me lembro de ter dito ao meu pai “tchau, vou correr na praia” e pegar o meu boné e o protetor solar; havia marcado com um amigo, para fazermos exercícios juntos, mas, no meio do caminho, resolvemos mudar de ideia e fazer uma viagem curta, naquele mesmo dia, para curtir seu o carro novo. Foi o nosso grande erro...

Chegamos até o centro da cidade de Vitória; em princípio, queríamos ir até Domingos Martins, uma bela cidade que fica uma hora e meia da capital, nas Serras Capixabas; precisaríamos passar pelo Centro para tanto, mas logo desistimos: a parada cívica havia tornado o trânsito um inferno, em pelo feriado, e nós ficamos parados num enorme engarrafamento, para nosso aborrecimento.

Foi quando tive a ideia de cortarmos caminho e irmos para Santa Tereza, outra bela cidade de interior capixaba, de colonização italiana, que ficava, por seu turno, do outro lado do nosso itinerário, na BR 101 Norte. Meu amigo, então, mudou de direção e fomos para um caminho inverso do que fazíamos; tudo corria tão bem desta vez que decidi que ligaria para minha família, para dizer que não almoçaria em casa, quando lá chegasse. Afinal, quem é que pensa se tornar vítima de um acidente automobilístico?

Deixamos Vitória, chegamos ao município de Serra e logo estaríamos em Fundão, duas cidades da região metropolitana da capital, de onde tomaríamos a estrada rumo à Santa Tereza, a partir do trevo de Timbuí, distrito de Fundão. O dia estava perfeito: fazia sol, ouvíamos música, estávamos nos divertindo. Nada poderia dar errado. Nada.

Foi quando, no quilômetro 239 da BR 101 Norte, a única coisa que eu consegui dizer foi “joga para o acostamento”, mas meu amigo, creio, não escutou. E daí mais nada. Eram duas pistas para ir e uma para voltar, sem acostamento e com dois barrancos de cada lado. Um carro prata invadiu a nossa faixa. Ainda me lembro de vê-lo se aproximando com tudo na minha frente, e eu, impotente, esperando o choque, além de ouvir o barulho dos pneus cantando e depois um grande estrondo. E mais nada. Só o vazio. E uma imensa escuridão. Só.

E, a partir desse momento, começa a minha história. A história de um sobrevivente.

6 comentários:

  1. Ei, Anaximandro, que história! Então, amanhã, faz um ano que sua família, parentes e amigos viram você (re)nascer? Que Deus continue te guardando e te protegendo sempre.
    Beijo,
    karina.

    ResponderExcluir
  2. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  3. Grande amigo e mestre Anaximandro, é muito bom saber que você deu a volta por cima com sua maestria costumeira.
    Como eterno aprendiz que sou, tiro da sua história uma grande lição, além da certeza que não era a sua hora, pois Deus tem um grande propósito para sua vida.
    Grande abraço de seu aluno, amigo e fã.
    Ronaldo Lima

    ResponderExcluir
  4. Olá Anax, amanhã é o grande dia!
    Parabéns!
    nos vemos na sua posse!
    Renata

    ResponderExcluir
  5. Olá Anaximandro,

    Primeiramente quero parabenizá-lo pela posse, é bom ver gente nova e talentosa com você dando "novos ares" à AESL. Quanto ao prólogo do seu livro, achei fantástico, de arrepiar... A vida é mesmo uma caixinha de surpresas.Vou querer comprar o seu livro. Aproveito para convidá-lo para o Sarau na Academia de Letras Humberto de Campos, no próximo domingo. 19/09, às 18h. A banda BIG BAT BLUES BAND fará abertura do sarau. Grande abraço. Andra

    ResponderExcluir
  6. Fuçando seu blog, aqui mais uma vez, mas desta para te convidar a ler "Celebrando a cadeira-de-rodas". Vai encontrá-lo no Recanto das Letras. Sinta-se abraçado, mais uma vez...

    Antonio Franco Nogueira

    ResponderExcluir