domingo, 14 de novembro de 2010

ESTÁ TODO MUNDO FICANDO GORDO

Li uma notícia na internet que me deixou estarrecido: o Brasil já conta com uma verdadeira epidemia de obesidade, do Oiapoque ao Chuí. Fiquei impressionado com a notícia, mas também com a palavra. Epidemia. É muito forte, essa palavra. Epidemia de gripe, epidemia de Aids, epidemia de um monte de coisa... mas de obesidade? Achei a palavra, no contexto, no mínimo, inusitada! Epidemia... parece que, agora, se alguém vir um gordo na rua, deve sair correndo, com medo de ficar assim também... do jeito que a coisa anda, só de ficar perto de um, a gente vai pegar obesidade.

Brincadeiras à parte, a coisa é séria: números de organismos do Departamento de Saúde dos Estados Unidos da América indicam que aproximadamente 60% da população daquele país sofre com excesso de peso ou é obesa. É um marca inacreditável! O Brasil, infelizmente, vai no mesmo caminho: pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que em todas as regiões do país, em todas as faixas etárias e em todas as faixas de renda aumentou o percentual de pessoas com excesso de peso. O sobrepeso atinge mais de 30% das crianças entre 5 e 9 anos de idade, cerca de 20% da população entre 10 e 19 anos e nada menos que 48% das mulheres e 50,1% dos homens acima de 20 anos. Entre os 20% mais ricos, o excesso de peso chega a 61,8% na população de mais de 20 anos. Também nesse grupo concentra-se o maior percentual de obesos: 16,9%. É surpreendente!

Isso significa: está todo mundo ficando gordo! E isso é visível. Eu já cruzo com pessoas na rua que, se não vierem falar comigo, não consigo reconhecer mais. Aconteceu esses dias, mesmo! Se uma ex-colega não tivesse me abordado, teria passado ao lado dela, sem dar a mínima de atenção. Ela era magrela, magrela... como era um amigo meu também, mas o estado dele, hoje... até eu mesmo, quem diria, também começo a dar sinais de briga com a balança. Lembro-me que, até a época da faculdade, podia contar minhas costelas. Comia o que quisesse. Hoje, já preciso conjugar um verbo que até algum tempo me dava arrepios: emagrecer. Isso se não quiser fazer parte das estatísticas! Nunca pensei que tivesse de passar um tempão na esteira, suando. Odiava fazer isso. Em resumo: até eu estou ficando gordo...

Não sei de quem é a culpa disso. Do governo, que permite cantinas escolares com salgadinhos, refrigerantes, ao invés de frutas, por exemplo? Dos pais, que não têm tempo de criar seus filhos e, assim, deixam as crianças comerem o que quiserem? Da mídia, que nos bombardeia com belíssimas propagandas de junk food, o tempo todo? Talvez um pouco de tudo. Mas, convenhamos: comer é bom demais, não é? Chocolate ao leite ou meio amargo ou com nozes e avelãs; picanha com aquela capinha de gordura e um sanguinho escorrendo e um belo torresminho ou um pote de batata frita, salgadinha e crocante ou um tropeirinho; pizza de presunto, portuguesa, frango com catupiry, com bastante azeitona e ketchup, mostarda ou maionese, para dar um sabor especial; hambúrguer com coca-cola bem gelada... quem é que resiste a esse tipo de coisa?

O pior é que não há para onde correr: ouvi uma entrevista de uma nutricionista no rádio e até mesmo aquilo que eu – e todo mundo – considerava saudável faz mal a saúde: diet e light não é tudo a mesma coisa e um contém açúcar e outro o mesmo nível de calorias; barra de cereal, já disseram, pode dar até câncer; as frutas que a gente compra no supermercado estão recheadas de agrotóxicos; os alimentos “naturais”, uma vez ensacados, podem perder suas qualidades e transformar-se em grandes vilões da alimentação; ração humana não tem capacidade nenhuma comprovada; e até mesmo a carne branca vem de animais infestados de hormônios que podem atingir a gente! A conversa foi tão terrível que um ouvinte pensou e falou aquilo que eu gostaria de ter tido coragem de perguntar: “mas doutora, será que a gente não pode comer nada, então?”

É por isso que, a partir de agora, eu quero lançar um manifesto, o “Manifesto em Prol da Fotossíntese Humana”. Isso mesmo! Vamos todos, de agora para frente, fazer fotossíntese! Você já viu alguma árvore gorda? Eu não! Elas são belas e esbeltas, tal como todo mundo deveria ser. Além disso, elas renovam o ar em nossa volta, melhorando meio ambiente. E só precisam de luz! Não é uma maravilha? Nem é preciso comer! Basta a gente ir até a janela da casa ou do apartamento em que a gente mora, pôr as mãos na janela e deixar a luz entrar para iniciar o processo. Faça o teste, veja se dá certo. E depois me diga, tá? Vou ali comer uma coisinha e já volto.

14/11/2010

4 comentários:

  1. Gostaria nesta oportunidade de primeiramente parabenizá-lo por este brilhante trabalho e dizer também que tenho muito orgulho de ter sido seu aluno! Pois suas idéias estão realmentes geniais, tanto a da era da modernidade quanto da obesidade! Temos que nos retratar urgentimente, pois tudo esta muito mudado e não estamos sabendo o que fazer! Não nos restando outra alternativa buscar o conhecimento!!! Forte abraço e mais uma vez parabéns...
    Roni Belique.'.

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  2. Anax, gostei muito desse texto, o que não é novidade! Você aborda um tema sério, atual com graça e elegância.
    Parabéns!
    Um abraço,
    Edson Lobo

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  3. Falou sério em tom de brincadeira... Pior é que deu fome. Gosto de sua maneira de escrever. Além de ser o meu parceiro em fotografias lindas. Um abraço do tamanho da fome que estou sentindo! Bjss ( Vc sabe como eu posso postar um comentário como eu mesma? Sempre sai em nome do meu blog...) Sunny

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  4. Os gordos vão dominar o mundo!!! E eu estarei lá.

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